O que estaria por trás daquele
sorriso? Tristeza camuflada? Vingança? Frieza? Talvez fosse apenas
felicidade, simples e óbvia. Mas quem disse que ela era óbvia? Se nem
Freud conseguiu dizer com exatidão, apenas revelou que era um continente
obscuro. Como ela, que nada entendia de comportamento humano saberia
indicar a saída do labirinto? Era como desvendar o sorriso de Monalisa.
Quantas habitavam sua mente, seus quereres e qual predominava?
Descobriu que as pessoas não mudam, ela não mudou. Continuava ciumenta,
teimosa, encrenqueira e sabia ser doce, contar histórias, inventar
personagens, mudar as lentes da realidade em busca do cenário do sonho.
Sabia quem era, mulher, mãe, amiga, amante, cigana e outras tantas.
Sentia saudade do cheiro da verdade, daqueles que dizem o que pensam,
mas principalmente daqueles que não fazem a menor idéia para onde estão
indo, por não possuírem a arrogância dos que sabem tudo. Preferiu deixar
suas gavetas internas bagunçadas, era assim que se achava (...)
Renata Fagundes